Ser pai

Com o nascimento do menino Jesus no lar de Nazaré, sob os cuidados de São José, Deus quis que o “ser pai” acontecesse dentro do “ser família”. Ao dar a vocação matrimonial, Deus também dá a vocação da paternidade. Assim, conclui-se que para ser bom pai, é preciso antes ser bom marido. De fato, é do amor entre os cônjuges que nascem os filhos e também é nesse amor que é gerado o amor por eles. É importante colocar desde o início a indissolubilidade entre essas duas vocações porque é a partir dela que se pode construir um raciocínio correto sobre o significado de ser pai aos olhos da nossa fé.
São João Paulo II resume de maneira muito clara o “ser pai”: “O seu amor paternal é chamado a tornar-se para os filhos o sinal visível do próprio amor de Deus” (Familiaris Consortio, 14). Como é grande essa missão, pois do relacionamento dos filhos com o pai da Terra depende seu relacionamento com o Pai do Céu!
Os filhos aprenderão as virtudes sobrenaturais a partir das virtudes humanas vividas e ensinadas pelo pai. Como ter fé (sobrenatural) em Deus se não aprenderam a confiar (fé humana), antes, no próprio pai? Como negarão generosamente suas próprias vidas se o pai sempre foi um egoísta, centrado no seu trabalho e nos seus assuntos, sem tempo para a esposa e os filhos?
Uma parcela não desprezível das pessoas com crise de fé hoje têm, na verdade, uma crise de obediência. Não aceitam colocar-se sob o critério da Igreja, sob o critério de dois milênios de ensinamento. Não será porque nunca aprenderam a obedecer ao pai? A respeitar seu papel de líder da família, de bússola da casa?
Dada a importância da paternidade, é preciso aprender uma verdadeira “pedagogia da paternidade”. Deus dá a vocação, mas não exclui a necessidade de estudo e preparação. É necessário ler materiais de bom critério sobre como ser bom pai. Estudar a psicologia da criança, do adolescente e do jovem para saber estimular corretamente os filhos. A preparação, por sua vez, consiste em boa medida na vivência da Graça. Procurar os sacramentos, ter uma vida de oração intensa, constante, profunda, de onde virão as luzes para o dia a dia do pai.

Na Audiência Geral de 29 de maio de 2013, lembrando da parábola do filho pródigo, o papa Francisco exortou os jovens a serem pais e lembrarem-se que “Deus é nosso Pai, criou-nos, deu-nos os nossos talentos e guia-nos no caminho da vida. Está conosco apesar das nossas fraquezas, dos nossos pecados e das nossas faltas, é modelo de paternidade”. Urge que um pai saiba ser exigente e misericordioso. A parábola do filho pródigo, com o filho que fica e o filho que se vai e volta, será sempre fonte inesgotável de reflexão para como exigir com misericórdia, que é, no fundo, o mesmo dilema de educar sem tirar a liberdade. Que São José interceda por cada um de nós.


07/2014

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