Evolução: chave da ciência moderna (parte I)

O conceito de “evolução” tornou-se central na Ciência moderna. É absolutamente impossível compreender os rumos que ela toma hoje ignorando esta chave de interpretação. Esse conceito foi estendido para bem além dos campos biológicos e já permeia todas as áreas da Ciência. Deste modo, não é mais possível pretender um diálogo entre a Filosofia, a Teologia, a Ciência e até mesmo a cultura moderna que não esteja enraizado no que se entende por evolução.
Considero a evolução como algo tão central em todas as teorias científicas modernas que julgo necessário escrever uma série de artigos mostrando como esse conceito é aplicado nas mais diversas áreas do conhecimento, desde as ciências biológicas até a Astronomia. Naturalmente, está fora do meu alcance, e também foge ao objetivo destes artigos, fazer um tratado acadêmico sobre o tema. A respeito disso, há inúmeros autores muito mais indicados. Meu objetivo é de divulgação científica e de promoção do diálogo entre Ciência, Fé e Cultura.
Alguns exemplos da aplicação da ideia de evolução em ramos distintos da Ciência podem ajudar a esclarecer o alcance que o conceito tomou. Nos próximos artigos vou retomar estes exemplos com mais detalhes e citarei outros.
Naturalmente todos conhecem a aplicação na Biologia, onde a Teoria da Evolução das Espécies, formulada por Charles Darwin no final do século XIX, tornou-se quase como um dogma central. Essa mesma Teoria supõe que a evolução pode acontecer (dentre vários outros modos) quando ocorre uma mudança no ambiente.
No entanto, há muito tempo que a Geologia já detalhou vários mecanismos que, no seu conjunto, podemos chamar de evolução geológica da Terra. Nosso planeta muda a todo instante, transforma-se de vários modos. Muitos podem, neste instante, dizer que estou exagerando e misturando conceitos distintos. Não estou. O que faço, na verdade, é ampliar a ideia de evolução e entendê-la como “mudança”, “transformação”. O cerne do conceito será sempre que essa mudança acontece de um ente para outro. Não estamos falando de criação. Também é importante destacar que há um conjunto de leis que regem essa mudança e que tais leis são o objeto de investigação da Ciência.
Continuando na exemplificação, não é só o nosso planeta que evolui, mas nosso Sol também, assim como todas as estrelas. Mas se as estrelas sofrem mudança ao longo de suas vidas, os conjuntos que elas formam, as galáxias, também evoluem, e de modo bem drástico.
Penso que estamos tão impregnados destas ideias que nem nos assustamos mais quando se fala em “evolução do universo”. Quando trato do tema em palestras, as pessoas nem se mexem em suas cadeiras, sendo que por certo deveriam cair delas! Há menos de cem anos os astrônomos não conheciam a fonte de energia das estrelas e não acreditavam em galáxias. Hoje falamos com tranquilidade nas leis de evolução do cosmos!
A Física também identificou fenômenos que podem ser conceituados dentro da ideia de evolução. Aparentemente, toda vez que temos um sistema formado por muitos entes que interagem entre si por uma ou poucas leis simples, encontramos um comportamento coletivo que hoje são estudados com o nome de fenômenos complexos.
Mas não é só no âmbito das ciências empíricas clássicas que a evolução se estabeleceu. As próprias ciências sociais apoderaram-se dos conceitos chaves da ideia para explicar muito sobre a natureza humana.
Os exemplos são muitos e trarei muitos casos interessantes com mais detalhes. No próximo artigo vou tentar identifcar as origens do conceito de evolução e definir um pouco melhor o que é e o que não é a evolução. Em especial, quero explicar porque tantas pessoas religiosas opõe-se a esta ideia e porque estão erradas ao fazer isso. Do mesmo modo, vou falar sobre os cientistas que enganam-se acreditando que a evolução prova que a fé é falsa.

12/2014

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